" Um professor influi para a eternidade; nunca se pode dizer até onde vai sua influência."
(Henry Adams)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

As especificidades da ação pedagógica com bebês - Parte V


Maria Carmem Barbosa
DESAFIOS PARA CONSTRUIR UM DIA A DIA COM OS BEBÊS
O cotidiano das crianças na sala de bebês vai sendo construído através de atos de cuidado e educação dos docentes. Todo o dia inicia-se o encontro dos bebês e adultos com o acolhimento, que pode ser feito de diferentes formas. Em seguida, a professora pode criar uma situação, pautada nas suas observações, que faça com que os bebês encontrem algo (ou alguém) agradável, interessante e instigante.
Uma das características de uma turma de bebês é que mesmo quando a professora tem uma proposta muito interessante os bebês geralmente não participam dela como grupo completo, ou ao menos não ficam presentes em sua totalidade. Sempre há um bebê que está com sono, outro que precisa ser trocado. Assim, aquilo que denominamos trabalho diversificado é uma constante na turma de bebês.
Nestes momentos de encontro, a professora pode promover o relacionamento e a interação das crianças com diferentes materialidades e com manifestações culturais como a música trazendo canções cantadas pela professora ou através de CDs, caixas com instrumentos musicais; propor para os bebês acompanhar a música com o balanço do corpo, o que não deixa de ser uma introdução à dança que deve ser sempre lembrada e estimulada.
Mesmo os bebês sendo pequenos, temos a possibilidades de oferecer massas e tintas adequadas para fazer experiências plásticas assim como água, barro e gelo. Além disso, pode-se promover brincadeiras com blocos, jogos de descoberta, construções, encaixes, “faz de conta”, brincadeiras com bolas, arcos, almofadas para criar situações de desafios motor. Com a linguagem também se faz muitas brincadeiras: onomatopéias, versos, trava-língua, canções, brincadeiras como: cadê o toicinho, serra-serra serrador, que envolvem movimento junto com uma canção são extremamente bem-vindas.
Nas salas devem ser privilegiados os brinquedos e materiais naturais como, por exemplo, panos, pecinhas de madeira, etc. A brincadeira do “cesto dos tesouros”, elaborada por Elinor Goldschimied, é muito indicada para os bebês, pois possibilita a exploração, a composição e a estruturação de uma brincadeira individual e também coletiva, além de ampliar a confiança das crianças.
Grande parte das intervenções da professora ocorrerá no sentido de facilitar as relações sociais, transmitir as possibilidades das brincadeiras em sua multiplicidade e riqueza. A linguagem oral das crianças e sua capacidade de locomoção também serão pontos que regularmente devem ser trabalhados. Igualmente fazem parte da sala dos bebês os livros de imagens, de poesias, de histórias, podendo a escola até fazer uma pequena “bebeteca” onde a criança encontre narrativas e interação com a linguagem oral e convívio com diferentes suportes e gêneros.
Os bebês, mesmo pequenos, podem ir ao teatro quando o espetáculo tiver sido pensado para eles. Além de fruírem como espectadores, os bebês também iniciam seus jogos dramáticos na escola de educação infantil. Nesta faixa etária, o uso dos vídeos ou da TV devem ser feitos com parcimônia. As crianças convivem com as televisões em suas casas, porém as experiências corporais, de relacionamento, de linguagem são as mais significativas nesta faixa etária.
Sempre que possível é importante, ao selecionar os materiais, pensar numa proposta de trabalho com as crianças que leve em consideração o critério da diversidade social e cultural como instrumentos musicais, músicas de diferentes culturas, livros com imagens de crianças e bonecas de diferentes etnias, comidas (todas as culturas tem alimentos específicos para seus bebês) de diferentes tradições culturais que irão, pouco a pouco, estarem presentes no cotidiano do berçário.
Aos momentos de atividades propostas, com acompanhamento, para um grupo maior de crianças, seguem inúmeros momentos de contato individual ou em pequenos grupos. As crianças oferecem pistas, as quais os professores pegam e devolvem com novas elaborações, criando continuidades, rupturas, aprofundamentos. Nesses momentos tradicionalmente vistos apenas como educativos é preciso um profundo olhar de cuidado do professor, cuidado na seleção dos materiais, cuidado para estar atento às expressões das crianças, cuidado para dar o tempo adequado para o desenvolvimento da atividade.
Como as crianças desta idade ainda têm necessidades corporais muito constantes este, provavelmente, será o momento de alimentar-se através de um pequeno lanche. A alimentação é uma prática cultural repleta de simbolismo. A escolha dos alimentos, a forma como se organiza as cadeiras, o lugar onde se come – se sala ou refeitório – os instrumentos que se usa para comer, tudo isto diz respeito à formação cultural e social.
Também o modo como se inicia e finaliza a alimentação fazem parte de um ritual, um ritual que não é igual ao doméstico e que na escola pode ser construído com a participação das crianças e transmitido aos bebês.
Nos momentos de alimentação, as crianças ficam envolvidas com a ação dos adultos, porém algumas vezes, conforme a configuração dos móveis pode ser um momento de grande socialização e vida coletiva. Em geral as crianças participam com muita alegria deste momento que é muito mais do que uma necessidade fisiológica. A dependência das crianças de uma alimentação que é servida para elas, vai, pouco a pouco, sendo substituída por situações de alimentação com elas. Por exemplo, pode-se dar uma fruta amassada, mas também dar um pedaço grande, para o bebê explorar, colocar na boca, comer, para finalmente tornar-se uma ação autônoma das crianças.
Aprender a alimentar-se é uma importante aprendizagem para a primeira infância, pois envolve aspectos sociais, de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar; motores: manuseio de talheres, movimento da boca, ingestão e fonoarticulatório.
Nessa situação podemos novamente compreender a inseparabilidade das ações de educação e cuidado.
Após a alimentação, a higiene será uma necessidade das crianças. Preparar um ambiente tranquilo, de intimidade e poder ofertar tempo e disponibilidade de atenção individual são características de um bom momento educativo na higienização. Deixar as crianças confortáveis, limpas com um contato especial propicia grande satisfação.
Em seguida vem o sono, que pode ser precedido por uma canção, uma história, uma poesia, ou seja, também se pode criar um ritual de sono na escola. Este não é um momento fácil para todas as crianças, algumas resistem a passar da vigília para o sono.
Assim tanto o momento de auxiliar a dormir como o momento de acordar deve ser visto com delicadeza e reflexão, isto é, cuidando e educando os bebês.
Em idades posteriores podemos denominar este momento de repouso, pois não deve haver a obrigatoriedade de dormir, porém nesta faixa etária o sono segue, com frequência, aos momentos de alimentação e evacuação. A diferença é que os bebês bem pequenos não têm, muitas vezes, grande sincronia uns com os outros, e quando alguns dormem outros ficam acordados possibilitando intervenções pontuais de seus educadores. Estes podem lhes oferecer propostas onde as crianças aprendam observando, tocando, experimentando, e construindo ações e sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo deste modo cultura.
Todos os dias os bebês precisam ir ao pátio, pois este é um procedimento saudável e também uma importante situação de integração com as demais pessoas da escola, especialmente porque promove interações entre crianças de mesma idade e crianças de diferentes idades. É importante que todos os dias os bebês vivenciem situações que incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza.
Ao longo do dia estes momentos se sucedem. Na medida em que as crianças vão ficando mais velhas, diminui a centralidade das situações de alimentação, repouso e higiene. Assim como todo o dia o acolhimento aos bebês e aos pais deve ser valorizado, a saída é o momento do reencontro com os familiares, momento de emoção, de troca de informações – orais e escritas. Muitas vezes estes momentos são tensos, pois as crianças querem permanecer, ou choram ao ver os pais. É a confiança, continuamente reassegurada, que permite viver as variadas situações emocionais da entrada e da saída com tranquilidade.
O acompanhamento/avaliação
Ao longo do processo, a professora deverá constituir estratégias - através de distintos instrumentos como fotos, desenhos - para acompanhar tanto o seu trabalho pedagógico como para coletar dados sobre as crianças no que se refere tanto à vida do grupo como aos processos vividos por todas as crianças individualmente. Os dados individuais, recolhidos, refletidos não devem servir para selecionar ou estigmatizar as crianças, mas para poder construir perspectivas futuras de intervenção pedagógica.
Os registros, após sua organização, tornam–se um documento para contar para as crianças e suas famílias seus os percursos de aprendizagem individuais e coletivos. Isto significa garantir para as crianças uma memória, contada narrativa e descritivamente, sobre sua vida. Tais registros também servem para construir a memória da instituição e para refletir sobre o projeto pedagógico, constituindo uma documentação específica que permite às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil, além de, com isto, valorizar o papel da creche e dos profissionais da educação infantil. Avaliar, refletir criticamente sobre os dados coletados e organizados, é um fator indispensável para qualificar o trabalho.
Referencias Bibliográficas
ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2008.
ARRIBAS Teresa Lleixá &Cols., Educação Infantil: Desenvolvimento, currículo e organização escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.
BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.
BONDIOLI, Anna; MANTOVANI, Susanna. Manual de Educação Infantil: de 0 a 3 anos. Porto Alegre: Artmed, 1998.
COHN, Clarice. Antropologia da Criança. Ed. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2005.
CRUZ, Silvia H. Vieira. A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez editora, 2008.
DAHLBERG, Gunilla; MOSS, Peter; PENCE, Alan. Qualidade na Educação da Primeira Infância: perspectivas pós-modernas. Porto Alegre: Artmed, 2003.
EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella & cols.. Bambini: A abordagem italiana à educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.
EDWARDS, Carolyn. GANDINI, Lella. FORMAN, George. As cem linguagens da criança: A abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas, 1999.
FALK, Judit. Educar os três primeiros anos: a experiência de Lóczy. São Paulo: JM, 2004.
FARIA, Ana Lúcia de; MELLO, Suely Amaral. O mundo da escrita no universo da pequena infância. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. P. 116-120.
FARIA, Ana Lúcia G.; MELLO, Suely Amaral. (Orgs.) Linguagens Infantis: outras formas de leitura. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. P. 5-22.
FORNEIRO, Lina Iglesias. A organização dos Espaços na Educação Infantil. In:
ZABALZA, Miguel Angel. Qualidade em Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed 1998.
GOLDSCHMIED, Elionor; JACKSON, Sonia. Educação de 0 a 3 anos: o atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2007.
HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, Cores, Sons, Aromas: A organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
_________. A construção do espaço e as diferentes linguagens. In: REDIN; Fernanda,
MULLER; REDIN,
Marita M.(orgs.). Infâncias: cidades e escolas amigas das crianças. Porto Alegre: Editora Mediação, 2007.
JABLON, Judy R.; DOMBRO, Amy Laura; DICHTELMIER, Margo. O Poder da Observação. Porto Alegre: Artmed, 2009.
KLAUS, Marshall H.; KLAUS, Phyllis H. Seu Surpreendente Recém-Nascido. (Trad.)
Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artmed, 2001.
KUHLMANN JR., Moysés. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.
MOYLES, Janet. Fundamentos da Educação Infantil: enfrentando o desafio. Porto Alegre: Artmed, 2010.
WINNICOTT, Donald W. A Criança e seu mundo. Rio de Janeiro: ZAHAR Editores, 1979.
Textos, dissertações e teses
AMORIN, Katia de Souza; ANJOS, Adriana M.; ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde; VASCONCELOS, Cleido Roberto F.. A incompletude como virtude: interação de bebês na creche. Psicologia: reflexão e crítica. V.16, n.2. Porto Alegre: 2003.
ANJOS, Adriana M.; AMORIM, Katia de Souza; VASCONCELOS, Cleido Roberto F.;
ROSSETTI- BARBOSA, Maria Carmen Silveira.; RICHTER, Sandra Regina S. Os bebês interrogam o currículo: as múltiplas linguagens na creche. In: Congresso de leitura do Brasil, 17. 2009, Campinas. Anais... Campinas: 2009 (texto digitado).
FERREIRA, Maria Clotilde. Interações dos bebês em creche. Estudos de Psicologia. V.9, n.3. Natal set/dez. 2004 Natal: 2004.
BRASIL a. Práticas Cotidianas na Educação Infantil – Bases para Reflexão sobre as Orientações Curriculares. Projeto de Cooperação Técnica MEC / Universidade Federal do Rio Grande do Sul para Construção de Orientações Curriculares para a Educação Infantil. Brasília, MEC/Secretaria de Educação Básica/ UFRGS, 2009.
Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/relat_seb_praticas_cotidianas.pdf
Acesso em maio 2009.
BRASIL b. Relatório de Pesquisa: A Produção Acadêmica sobre Orientações Curriculares e Práticas Pedagógicas na Educação Infantil Brasileira. Projeto de Cooperação Técnica MEC / Universidade Federal do Rio Grande do Sul para Construção de Orientações Curriculares para a Educação Infantil. Brasília, MEC/Secretaria de Educação Básica/ UFRGS, 2009.
Disponível em http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_content&view=article&id=13453&Itemid=936> Acesso em maio 2009.
CÂMARA, Hildair Garcia. Do olhar que convoca ao sorriso que responde: possibilidades interativas entre bebês. Porto Alegre, 2006. Dissertação (mestrado)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
COUTINHO, Ângela Scalabrin. As crianças no interior da creche: a educação e o cuidado nos momentos de sono, higiene e alimentação. Florianópolis, 2002. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina.
COUTINHO. O Estudo das Relações Sociais dos Bebês na creche: uma abordagem interdisciplinar. Zero-a-Seis, América do Sul, 1 26 06 2009. Disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/index. php/zeroseis/article/view/10889.
GUIMARÃES, Daniela de Oliveira. Relações entre crianças e adultos no berçário de uma creche pública na cidade do Rio de Janeiro: técnicas corporais, responsividade, cuidado. Rio de Janeiro, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2008. Tese de Doutorado.
PAULA, Ercília Maria T. de. Comida, diversão e arte? O coletivo infantil em situação de alimentação na creche. São Paulo, 1994. Dissertação (mestrado). Universidade de São Paulo.
PRADO, Patricia Dias. Educação e Cultura Infantil em creche: um estudo sobre as brincadeiras de crianças pequeninas em um CEMEI de Campinas. Campinas, 1998. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas.
PAIVA, Ana Paula. Literatura Infantil: muito além do cantinho da leitura. Porto Alegre. 2010. 4 f. (Texto digitado).
RICHTER, Sandra Regina S.; BARBOSA, Maria Carmen S. B. Educação Infantil: Qual currículo com crianças pequenas? In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
EDUCAÇÃO: Educação e Tecnologia VI. 2009 São Leopoldo. Anais... São Leopoldo: UNISINOS, 2009
SCHMITT, Rosinete Valdeti. “Mas eu não falo a língua deles!”: as relações sociais de bebês num contexto de educação infantil. Florianópolis, 2008. Dissertação (mestrado) -Universidade Federal de Santa Catarina.

sábado, 28 de maio de 2011

Dica de leitura para o fim de semana: O Que Tem Dentro da sua Fralda?

<><>
<><>
<><>
<><>
<><>
Tradutor: Vânia Maria A. de Lange
Ratinho é muito curioso. Ele gosta de descobrir como tudo é por dentro. Nada escapa de Ratinho, nem mesmo as fraldas de seus amigos. Coelho, Cabrita, Cachorrinho, Bezerro, Potrinho e Porquinho, todos mostram suas fraldas. Então, claro, eles também querem ver a fralda de Ratinho. Uma grande surpresa os espera. Um divertido livro com abas sobre a grande curiosidade de um pequeno rato. Diversão garantida para crianças e adultos.
Leia também do mesmo autor: O que é o que é?. 

As especificidades da ação pedagógica com bebês - Parte IV

Maria Carmem Barbosa
Uma pedagogia para o dia a dia da sala de bebês
Para organizar um percurso de aprendizagem e desenvolvimento para os bebês é preciso que se tenha um Projeto Político-pedagógico que defina objetivos de longo prazo, pois a formação humana é algo que necessita de tempo. Além disso, cabe à escola saber o que cada bebê, e o grupo de crianças pequenas precisa para, assim, construir estratégias que possam oferecer às crianças as ferramentas necessárias para compreender e apresentar-se ao mundo.
A explicitação nos objetivos das concepções educacionais e das estratégias educacionais com as crianças pequenas é importante, pois possibilita aos educadores compartilhar - tanto com seus colegas, no interior da escola, como com os pais e a comunidade - seus princípios educativos. Ter concepções compartilhadas significa argumentar, constituir coerência, estabelecer continuidade e estabilidade tanto horizontal, na escola e na família, como vertical, entre as turmas ou níveis de ensino.
Tendo claro e compartilhado concepções e objetivos pode-se, então, começar a constituir o processo educacional. Elaborar uma intervenção pedagógica numa turma de bebês significa realizar ações de dois tipos: (a) a construção de um contexto e (b) a organização de um percurso de vida.
Construir um contexto
Uma especificidade da pedagogia com os bebês é a sutileza, a forma indireta e discreta com que se realiza. A primeira intervenção é no modo de constituir um contexto, contexto que se bem organizado nos propiciará conhecê-las e interagir com elas. Se inicialmente a professora organiza o ambiente, a presença das crianças, as conversas com as famílias, as interações do grupo podem ir transformando esses contextos. Se no início ele é mais material: móveis, brinquedos, decorações, pouco a pouco ele se torna mais social, pois o aspecto social não existe sem o material e vice-versa.
O contexto, como foi visto acima, se estrutura a partir de algumas variáveis como: a organização do ambiente, os usos do tempo, a seleção e a oferta de materiais, a seleção e a proposta de atividades e a organização da jornada cotidiana.
Organização do ambiente
A pesquisa sobre o espaço físico da escola nos ensina que os ambientes possuem uma linguagem silenciosa, porém potente. Ele nos ensina como proceder, como olhar, como participar. Uma sala limpa, organizada, iluminada, com acessibilidade aos materiais, objetos e brinquedos é muito diferente de uma sala com muitos móveis, com objetos e brinquedos fora do alcance das crianças e escura ou abafada. Cada um destes ambientes nos apresenta uma concepção de infância, de educação e cuidado. Os ambientes são a materialização de um projeto educacional e cultural.
Alguns pesquisadores observaram que quando os espaços nas escolas estão bem planejados o professor deixa de ser o único foco de atenção das crianças e o próprio ambiente chama as crianças pequenas para diferentes atividades. Isto é, uma das tarefas principais de um professor de bebês é criar um ambiente onde as crianças possam viver, brincar e serem acompanhadas em suas aprendizagens individualmente e também em pequenos grupos.
Os ambientes precisam ser coerentes com as necessidades das crianças, proporcionando situações de desafio, mas também oferecendo segurança. Os ambientes, quando bem pensados e propostos, incitam as crianças a explorar, a serem curiosas, a procurar os colegas e os brinquedos, isto é, elas podem escolher de modo autônomo.
Ao organizar a sala para os bebês pequenos, é importante arranjar pequenos espaços, confortáveis, com espelho, tapetes, rolinhos, almofadas, que possam auxiliar na sustentação das crianças e favorecer seus movimentos. Tal espaço é organizado para que as crianças interajam com outras crianças, brinquem com os objetos e brinquedos podendo, assim, vivenciar diferentes experiências.
Quando as crianças ficam muitas horas num espaço de vida coletiva, é interessante que se institua um lugar para colocar as coisas que vem de casa como, por exemplo, as fotos da criança e da família, os brinquedos, e outros objetos que criam um “oásis” de singularidade na vida e no espaço coletivo.
Como grande parte das ações das crianças pequenas está relacionada com o ambiente físico e humano onde ela está situada, este lugar deve apresentar estabilidade, sendo flexível e evidenciando quem são os seus usuários, seus nomes e marcas, seus interesses atuais e seus processos de crescimento. Todo o material que entra em uma sala para bebês deve ser avaliado em seu estado físico, nas possibilidades cognitivas, motoras e sensoriais que oferece bem como na sua qualidade cultural. Constitui compromisso da escola oferecer brinquedos e equipamentos que respeitem as características ambientais e socioculturais da comunidade.
A sala pode estar organizada em microambientes temáticos com alguns materiais mais estruturados, mas também com material não estruturado. Nesses pequenos espaços, tapetes, colchonetes, cantos, tocas, as crianças exploram os objetos, constroem cenários e estruturam brincadeiras coletivas e individuais. Também é preciso que a sala tenha lugares como armários, caixas, cestos, onde possam ser guardados os materiais.
Os bebês na creche, além da sala, têm direito aos espaços de uso coletivo como as bibliotecas, sala de música, o pátio e outros. O parquinho da escola é um espaço que deve ser pensado e organizado na medida das crianças. Além disso, as crianças pequenas necessitam de contato diário com a luz do sol, o ar fresco e com a observação e interação com a natureza. Acima de tudo, o espaço que as crianças vivem tanto tempo precisa ser prazeroso, bonito, relaxante, alegre.
Os usos do tempo
Talvez o tempo seja um importante elemento para a definição da especificidade da educação dos bebês. As crianças pequenas precisam de tempo, de tempos longos para brincar, para comer, para dormir. Tempos que sejam significativos. As crianças pequenas, especialmente os bebês, têm a árdua tarefa de compreender e significar o mundo e precisam de tempo para interagir, para observar, para usufruir e para criar.
Muitas vezes as pessoas pensam que os bebês têm pouca capacidade de atenção, de envolvimento, de curiosidade e por este motivo não oferecem propostas de atividades para as crianças, ou, ao contrário trocam a cada momento as propostas. Ora, quando temos efetivamente contato com os bebês e os observamos brincando sozinhos ou com outros bebês verificamos que eles ficam intrigados e envolvidos com uma tarefa e podem permanecer assim por muito tempo. A pressa, em geral é nossa, dos adultos.
Ter tempo para brincar, fazer a mesma torre muitas vezes, derrubar, reconstruir, derrubar novamente, permite aos bebês sedimentar as suas experiências. A organização de uma jornada na escola precisa contemplar as necessidades das crianças sejam elas de ordem biológica, emocional, cognitiva, social e também oferecer tempos de individualização e de socialização. Nossa sociedade, em nome da produtividade, tem acelerado a vida: cada vez mais cedo e cada vez mais rápido. As crianças chegam às escolas com organizações de vida diferenciadas e, aos poucos, vão sincronizando com o grupo, isto é, a professora junto com as crianças vai construindo uma vida com tempos compartilhados. Porém é preciso cuidado para que este processo não seja invasivo e tenha atenção às necessidades, ritmos e escolhas individuais.
Construindo uma rotina
As rotinas, ou a jornada diária da sala de bebês, são aquelas experiências que se realizam ao longo do dia. Essa repetição oferece para os bebês certo domínio sobre o mundo em que vive e oferece a eles segurança, isto é, a possibilidade de antecipar aquilo que vai acontecer. A recorrência dos eventos faz com que se possa construir um eixo de história e memória, em que se construa uma identidade social, de grupo. Afinal, todos os dias, no mesmo lugar, juntamente com as mesmas pessoas serão realizadas certas atividades e repetidos alguns rituais. É neste lugar que as crianças vão se encontrar com outras crianças, aprender a se relacionar, a conviver, a cooperar, discordar. É neste espaço social que irão, com seus corpos, perceber os odores, escutar as vozes, olhar, observar, tocar, pois as crianças têm grande capacidade de compreender a realidade através dos sentidos.
Com os bebês é preciso ter muita atenção aos momentos de vida cotidiana, pois são nestes momentos que as crianças fazem as primeiras aprendizagens, aprendem a cuidar de si e a se relacionar com os outros e o mundo. Assim, fazendo as tarefas cotidianas com o apoio de um outro, em geral adulto, mas também outras crianças, que os bebês aprendem a viver a vida e vão construindo sua independência.
Geralmente as salas de bebês organizam seu tempo em momentos que iniciam com o acolhimento, passam pelas refeições, pela brincadeira, por atividades de higiene, pelas práticas de repouso, por uma ida ao pátio, isto é, pela construção de contextos educativos que possibilitam aos meninos e às meninas adquirir conhecimentos e habilidades e a realizar interações que instituem e ampliam seu repertório motor, cognitivo, emocional, social e cognitivo. Ter uma jornada diária pensada “na medida do grupo e de cada criança” significa também estar aberta ao inesperado, àquilo que “sem aviso” emerge no cotidiano e propicia as reavaliações de percurso, oferecendo novas opções aos bebês.
Então, vamos ao percurso
Se temos um ambiente acolhedor e desafiante, se já pensamos em modos cotidianos de organizar o tempo através de rotinas, se selecionamos os recursos e materiais necessários para o trabalho pedagógico, é hora de pensar como encaminhar o trabalho com as crianças afinal, as bases do trabalho pedagógico estão postas.
A partir dos objetivos presentes no PPP da escola e no planejamento anual da turma, o professor começa a organizar alguns momentos do ano que são recorrentes: o acolhimento dos bebês e suas famílias na creche, o convite aos percursos, os desafios e a construção de processos e a análise das experiências vividas. Para realizar este percurso o professor de berçário possui alguns instrumentos: a observação, o planejamento, as ações e experiências e o acompanhamento e a avaliação.
A observação
Para poder compreender e comunicar-se com um bebê pequeno é preciso observar. É através de diferentes técnicas de observação, dirigida, natural, com o uso de instrumentos como máquina fotográfica ou de filmagem, que nos aproximamos do modo como às crianças se relacionam com o mundo e com as outras crianças produzindo as suas vidas. Como não utilizam a palavra falada, é geralmente através da observação crítica, atenta e contínua das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano que o professor acessa aos sentimentos e questionamentos das crianças. As observações precisam ser registradas para serem compartilhadas e analisadas, é imprescindível um caderno ou pasta para a escrita das observações. Além do conhecimento das singularidades de todas as crianças, é através da observação que o professor pode construir projetos de trabalho com as crianças.
O acolhimento
A chegada de um bebê em uma família cria um momento de grande intensidade emocional e causa profundas transformações em todos os integrantes da mesma. A especificidade desse momento deve ser considerada quando se recebe um novo bebê na creche, afinal não é apenas uma criança que a escola de educação infantil irá acolher, mas toda uma família, que está vivendo um processo de transformação.
Também na escola, a chegada de um novo bebê causa nas crianças e nos adultos uma nova situação, uma reconfiguração do grupo. Assim, acolher uma criança na creche exige, dos diferentes profissionais, atenção, competência e sensibilidade nas relações com os bebês e suas famílias. Para isto, é preciso em primeiro lugar, respeitar e valorizar famílias em suas diferentes formas de estruturação e organização, e abrir diferentes canais para a participação cotidiana das famílias nas escolas de educação infantil.
A inserção das crianças na escola exige que os professores estabeleçam um contato pessoal com cada família. Para as crianças, especialmente os bebês, os primeiros dias de frequência à creche é uma fase de grande mudança e elas precisam de um ambiente que lhe ofereça segurança emocional, acolhimento, atenção. As crianças logo reconhecem a confiança que seus pais depositam na escola e nas professoras, assim, o trabalho de inserção das crianças na creche passa, necessariamente, pela relação de confiança entre pais e professores.
O professor e a escola têm o compromisso de criar estratégias adequadas ao momento de transição da casa para a instituição de Educação Infantil vivido pela criança, empenhando-se:
• Na construção de um ambiente estável de colaboração e um clima de confiança e tanto para os bebês como para as suas famílias;
• No desenvolvimento das capacidades pessoais do professor que inicia com o estabelecimento de uma relação com a criança através do olhar, do sorriso, da oferta de um objeto, e aos poucos constrói a confiança do bebê nesta nova pessoa e neste novo ambiente;
• Realizar reuniões para apresentar a proposta, as dependências da escola e as pessoas que nela trabalham;
• Entrevista com os responsáveis para conhecer bebê e suas famílias, seus hábitos e os valores;
• Combinar o processo de inserção da criança na creche: período de tempo, tempo diário de permanência, presença dos familiares, etc;
Após o momento inicial de acolhimento, as crianças e os adultos, constroem um ritmo de trabalho a partir de ações e experiências. Os desafios, as proposições, as problematizações vão se estruturando ao longo do processo. Elas iniciam com o conhecimento de todos os bebês, das situações que parecem mais significativas e, a partir de então, exigem compromisso do professor e imaginação pedagógica para continuar com um percurso.
Porém, os percursos exigem mudanças nas trajetórias quando, ao procurar escutar aquilo que nos dizem os bebês através das suas múltiplas linguagens, avaliamos que outras ações são mais importantes que aquelas planejadas. Construir, a partir daquilo que as crianças evidenciam um percurso com coerência e com uma história que pode ser registrada através de fotos e, continuamente, contada às crianças para que elas se reconheçam como sujeitos históricos, que fazem parte de um coletivo, e que deixam marcas e constroem narrativas, é um importante papel da educação nos primeiros anos.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

As especificidades da ação pedagógica com os bebês - Parte III

 
Maria Carmem Barbosa
4. ORGANIZAR UM PERCURSO EDUCATIVO PARA OS BEBÊS
Como vimos anteriormente, uma especificidade da pedagogia realizada junto aos bebês é a da centralidade das brincadeiras e das relações sociais. Portanto esta é uma pedagogia que torna imprescindível possibilitar encontros e visibilizar os modos e as diversas formas de relacionamento que se estabelecem entre as pessoas. Educar bebês não significa apenas a constituição e a aplicação de um projeto pedagógico objetivo, mas implica em colocar-se, física e emocionalmente, à disposição das crianças e isto exige dos adultos comprometimento e responsabilidade.
A responsabilidade, a competência, a formação dos gestores, professores e demais profissionais precisa também estar vinculada à delicadeza, ternura, empatia e capacidade comunicativa. Os envolvidos na educação de bebês precisam protegê-los de qualquer forma de violência – física ou simbólica – ou de negligência no interior da instituição. Sempre que algum tipo de discriminação ou violência for praticada contra um bebê é preciso realizar os encaminhamentos das violações para as instâncias competentes.
A tarefa dessa pedagogia da pequeníssima infância é articular dois campos teóricos: o do cuidado e o da educação, procurando que cada ato pedagógico, cada palavra proferida tenha significado, tanto no contexto do cuidado – como ato de atenção aquilo que temos de humano e singular – como de educação, processo de inserção dos seres humanos, de forma crítica, no mundo já existente.
Uma pedagogia de encontros e relações
Numa sala de berçário muitas relações se estabelecem. Relações entre as crianças e entre os adultos e as crianças. Porém as relações que se estabelecem entre os diferentes adultos pais, professores e demais profissionais não pode ser descuidada.
Apesar de realizarem atividades diferenciadas, professores, gestores e os diversos profissionais da escola, todos trabalham tendo um objetivo comum: oferecer para as crianças e para as famílias uma escola de qualidade. Muitas vezes as dificuldades nas relações entre os adultos acabam afetando o trabalho pedagógico e também as próprias crianças. É indispensável que estes fatos sejam observados e que se criem na escola momentos de formação para partilha das dificuldades, a comunicação, a resolução de conflitos e a felicitação pelos êxitos.
As relações entre professores e crianças
Os adultos são responsáveis pela educação dos bebês, mas para compreendê-los é preciso estar com eles, observar, “escutar as suas vozes”, acompanhar os seus corpos.
O professor acolhe, sustenta e desafia as crianças para que elas participem de um percurso de vida compartilhado. Continuamente, o professor precisa observar e realizar intervenções, avaliar, e adequar sua proposta às necessidades, desejos e potencialidades do grupo de crianças e de cada uma delas em particular. A profissão de professora na creche não é como muitos acreditam apenas a continuidade dos fazeres “maternos”, mas uma construção de profissionalização que exige além de uma competência teórica, metodológica e relacional.
As relações entre as crianças
As crianças na creche têm a experiência de viver cotidianamente em uma coletividade com meninos e meninas de idades diversas. Os bebês desde muito cedo procuram as outras crianças com olhares, esboçando sorrisos e sons, tentando através do corpo tocar no colega. A ação pedagógica na turma de bebês deve favorecer o encontro entre eles em diferentes espaços e momentos do dia. A professora ao observar precisa estar atenta aos movimentos relacionais do grupo e favorecer o desenvolvimentos corporal, afetivo e cognitivo dos bebês.
As relações com as famílias
A escola, através dos gestores e professores, tem o compromisso de construir relações com as famílias. As relações podem ser propiciadas através de distintas formas de encontro, mais ou menos formais, como reuniões, entrevistas, festas... Isto é, algumas situações individualizadas, e outras coletivas que favoreçam a escuta e as trocas. Assim as famílias irão sentir-se valorizadas e afirmadas na sua função parental, de responsáveis pela educação de seus filhos. A pluralidade de encontros favorece a construção de laços, a confiança e a troca. Mesmo antes do ingresso dos bebês na creche, é preciso que as famílias conheçam a escola e tenham tido a oportunidade de compreender e discutir o projeto pedagógico. Uma relação de confiança dos pais ou responsáveis na escola facilita estabelecer vínculos seguros dos bebês com a escola. A interação da escola com as famílias é tão importante que vem sendo considerada como um dos critérios fundamentais na avaliação de qualidade das creches.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

As especificidades da ação pedagógica com bebês - Parte II


Maria Carmem Barbosa
3. CAMINHOS PARA A CONSTITUIÇÃO DE PEDAGOGIA(S) ESPECÍFICA(S) PARA OS BEBÊS
As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil apresentam, e defendem uma concepção de sociedade, de educação e de infância que será adotada pelos sistemas educacionais na orientação das políticas públicas de educação infantil, porém elas precisam também estar presentes como fundamentação da organização do cotidiano das escolas infantis. Os serviços de educação infantil podem, a partir das concepções presentes nas diretrizes, revisar e reelaborar seus planejamentos e avaliar suas propostas pedagógicas e curriculares.
As diretrizes apresentam a escola de educação infantil como um espaço educacional que tem o importante papel de compartilhar, de forma indissociável, a educação e cuidado das crianças pequenas com suas famílias. Essa é uma característica essencial deste tipo de instituição e a distingue de outros tipos de estabelecimentos e níveis educacionais. Como vimos anteriormente, a escola de educação infantil vem, cada vez mais, ocupando o lugar da família ampliada especialmente nos grandes centros urbanos. Isto é, ela oferece aos pais e responsáveis pelos bebês parceiros que complementam a atenção, o cuidado e a educação dos bebês e também um espaço para o encontro e a interlocução com pessoas qualificadas para dialogar sobre a educação das crianças pequenas. As famílias não podem ser vistas apenas como usuárias de um serviço, mas como colaboradoras, isto é, co-autoras do processo educacional, pois é preciso sintonia quando se trata de educar uma criança pequena ou um bebê.
Educar bebês na vida coletiva da escola
As crianças ao nascerem se defrontam com um mundo que está em processo contínuo de constituição. Para receber estas crianças, os adultos responsáveis selecionam de seu patrimônio afetivo, social e cultural as práticas de cuidado e educação que consideram mais adequadas para oferecer bem-estar a estes bebês e para educá-los.
Porém esta não é uma tarefa simples mesmo os responsáveis, isto é os pais das crianças, provêm de mundos sociais diversos e necessitam de muito diálogo para estabelecer parâmetros para a educação de seus filhos. Cada família tem um modo de alimentar, embalar, acariciar, brincar, tranquilizar ou higienizar as crianças. E estas ações podem ser realizadas de diversas formas, afinal as diferentes culturas inventaram múltiplos modos de criar suas crianças pequenas. E cada família tem um modo específico para compreender o choro de uma criança, suas necessidades de alimentação e de brincadeira e fazer suas escolhas tendo em vista as tradições familiares ou concepções aprendidas com diferentes interlocutores.
A escola precisa estabelecer uma relação efetiva com as famílias, e a comunidade local, para conhecer e considerar, de modo crítico e reflexivo, os saberes, as crenças, os valores e a diversidade de práticas sociais e culturais que cada grupo social tem para criar seus bebês. Um bebê ao ingressar numa turma de berçário vai ampliar seu universo pessoal ao conectar-se com universos familiares bastante diferenciados.
Obviamente a escola, apesar de seu relacionamento com a comunidade e com as famílias, terá estratégias educativas diferenciadas, pois ela precisa atender as crianças na perspectiva da vida coletiva e não do atendimento individual como acontece nos lares.
A escola, com a participação dos pais, organiza em seu projeto político e pedagógico, um modo de conceber a educação das crianças pequenas e oferecer práticas de vida coletiva, sem se descuidar das singularidades de cada família, de cada bebê e de cada profissional. Na escola de educação infantil, espaço público de educação coletiva, as práticas de cuidado e educação de bebês tornam-se um importante campo de estudos, debates e tomada de decisões que necessitam estar contemplados nos projetos pedagógicos.
O Projeto Político-Pedagógico é o resultado de um trabalho conjunto entre profissionais e famílias, um trabalho de reflexão, debate e confronto. Nele, a partir de princípios legais, um grupo de gestores, pais, funcionários e professores selecionam e explicitam os princípios educacionais que auxiliam aos pais e educadores a pensar sobre o seu agir, isto é, a constituir referências e a compartilhar ações.
Um currículo para os bebês
Para os bebês, a ida para a creche significa a ampliação dos contatos com o mundo, para os adultos, responsáveis pela educação das crianças na creche, significa selecionar, refletir e organizar a vida na escola com práticas sociais que evidenciem os modos como os professores compreendem o patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico e os modos como traduzem, no exercício da docência, as suas propostas pedagógicas.
As práticas sociais que as famílias e a escola ensinam para os bebês e as crianças bem pequenas são as primeiras aprendizagens das crianças e constituem o repertório inicial sobre o qual será continuamente constituída a identidade pessoal e as novas aprendizagens das crianças. Por exemplo, os bebês aprendem a se vestir sendo agasalhados pelos adultos, aos poucos, os pequenos iniciam um processo de participação na ação de vestir-se e, finalmente, eles vão aprendendo a vestir sozinho suas roupas, até mesmo a escolher e demonstrar suas preferências. Esses conhecimentos sociais e culturais apesar de pouco valorizados nas escolas de educação infantil são extremamente importantes para a constituição das crianças, dos seus hábitos, dos modos de proceder, das suas relações e das construções sociocognitivas.
Essas práticas sociais são estruturadas através de linguagens simbólicas com conteúdos culturais. Assim, as propostas pedagógicas dirigidas aos bebês devem ter como objetivo garantir às crianças acesso aos processos de apropriação, renovação e articulação de diferentes linguagens. É importante ter em vista que o currículo é vivenciado pelas crianças pequenas não apenas através de propostas de atividades dirigidas, mas principalmente através da imersão em experiências com pessoas e objetos, constituindo uma história, uma narrativa de vida, bem como na interação com diferentes linguagens, em situações contextualizadas, adquirindo, assim, o progressivo domínio das linguagens gestuais, verbais, plásticas, dramáticas, musicais e outras e suas formas específicas de expressão, de comunicação, de produção humana.
As concepções contemporâneas sobre os bebês, a infância, a aprendizagem e a educação encaminham para a compreensão de um currículo que vislumbre o desenvolvimento integral de crianças nas suas dimensões: expressivo-motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural compreendendo as crianças em sua multiplicidade e indivisibilidade.
Porém, quando pensamos nas crianças bem pequenas, isto é, nos bebês temos dúvidas sobre como propor este currículo. Ora, não será certamente através de aulas, de exposições verbais, mas, como vimos anteriormente, a partir da criação de uma vida cotidiana com práticas sociais que possibilitem alargar horizontes, ampliar vivências em linguagens, para que os bebês experienciem seus saberes. Serão exatamente esses primeiros saberes, essas experiências vividas principalmente com o corpo, através das brincadeiras, na relação com os outros – adultos e crianças – que irão constituir as bases sobre as quais as crianças, mais tarde, irão sistematizar os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

As especificidades da ação pedagógica com bebês - Parte I

Texto de:
Maria Carmem Barbosa
lcabarbosa@uol.com.br

1. PALAVRAS INICIAIS
Em 1988, a Constituição Federal atendendo aos anseios da sociedade, especialmente o movimento de mulheres: feministas, sindicalistas ou moradoras de bairros, definiu que o Estado brasileiro deveria garantir a oferta de educação infantil-pública, gratuita e de qualidade - para as crianças de 0 a 6 anos através do sistema educacional. Essa proposição legal desencadeou, nas décadas seguintes, uma ampla expansão dos estabelecimentos de educação infantil. Assim como os demais documentos dele decorrentes, esse texto legal induziu os municípios a construírem
Centros e Escolas de Educação Infantil que atendessem as crianças de 0 a 6 anos, e com isto ampliaram, significativamente, o acesso das crianças de 0 a 3 anos às instituições educacionais públicas.
Nestes vinte anos, a visão constitucional de direito à vaga nas creches e pré escolas para os pais que trabalham vem sendo substituída pela ideia do direito que toda a criança tem de frequentar uma escola de educação infantil. Isto evidencia uma significativa mudança na compreensão dos direitos das crianças e também uma importante aposta na contribuição que a escola de educação infantil pode oferecer às crianças pequenas e às suas famílias.
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI, 2009) garantindo uma visão sistêmica evidencia que esta instituição deve cumprir suas funções para garantir o bem-estar das crianças, das famílias e dos profissionais.
Função social - Acolher, para educar e cuidar, crianças entre 0 e 5 anos,compartilhando com as famílias o processo de formação da criança pequena em sua integralidade. As creches e pré-escolas cumprem importante papel na construção de valores como a solidariedade e o respeito ao bem comum, o aprendizado do convívio com as diferentes culturas, identidades e singularidades, preservando a autonomia de cada um.
Função política - Possibilitar a igualdade de direitos para as mulheres que desejam exercer o direito à maternidade e também contribuir para que meninos e meninas usufruam, desde pequenos, os seus direitos sociais e políticos como a participação e a criticidade, tendo em vista a sua formação na cidadania.
Função pedagógica - Ser um lugar privilegiado de convivência entre crianças e adultos e ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas. Um espaço social que valorize a sensibilidade, a criatividade, a ludicidade e a liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais.
e, nos últimos anos, as vagas foram quantitativamente ampliadas ainda não é possível afirmar que uma pedagogia específica para as crianças pequenas tenha sido efetivada. Em grande parte das instituições, as singularidades das crianças de 0 a 3 anos, especialmente os bebês, ficaram subsumidas às compreensões sobre o desenvolvimento e a educação das crianças mais velhas. Afinal até hoje as legislações, os documentos, as propostas pedagógicas e a bibliografia educacional privilegiaram a educação das crianças maiores.
Isto é, apesar dos bebês e das crianças bem pequenas estarem presentes na educação infantil, as propostas político-pedagógicas ainda mantêm invisíveis as suas
particularidades e não têm dado atenção as especificidades da ação pedagógica nas escolas de educação infantil.
Antes de iniciarmos a discussão da abordagem pedagógica vamos tentar definir quem são os bebês. Sabemos que a idade biológica ou cronológica não pode ser a única referência para definir até quando um ser humano pode ser denominado de bebê, pois as experiências culturais afetam o crescimento e o desenvolvimento das crianças pequenas.
Em nossa cultura talvez possamos identificar a capacidade de andar, deslocando-se com desenvoltura, e a de falar, ainda que apenas através de palavras e pequenas frases, como sinais do final do período da vida que se define um bebê. Assim, neste texto, vamos considerar como bebês as crianças do nascimento até 18 meses. Depois disto elas podem ser chamadas de crianças pequenas ou pequenininhas.
2. AFINAL, QUEM SÃO OS BEBÊS?
Durante muitos anos os bebês foram descritos e definidos principalmente por suas fragilidades, suas incapacidades e sua imaturidade. Porém, nos últimos tempos, as pesquisas vêm demonstrando as inúmeras capacidades dos bebês. Temos cada vez um maior conhecimento acerca da complexidade da sua herança genética, dos seus reflexos, das suas competências sensoriais e, para além das suas capacidades orgânicas, aprendemos que os bebês também são pessoas potentes no campo das relações sociais e da cognição. Os bebês possuem um corpo onde afeto, intelecto e motricidade estão profundamente conectados e é a forma particular como estes elementos se articulam que vão definindo as singularidades de cada indivíduo ao longo de sua história. Cada bebê possui um ritmo pessoal, uma forma de ser e de se comunicar.
Os bebês humanos quando chegam ao mundo necessitam um longo período de atenção e cuidado para sobreviver. Um dos grandes compromissos dos adultos, que já habitam neste mundo, é o de oferecer acolhimento para estes novos integrantes da sociedade. Se, durante muitos anos, esta era uma tarefa apenas das famílias, hoje em nossa sociedade, é necessário que seja uma tarefa compartilhada com outras pessoas ou instituições. Cada vez mais, em nosso país, as mulheres trabalham fora de casa motivadas pelo desejo de realização profissional, pela necessidade de independência econômica ou então para contribuir com a renda familiar e o sustento dos filhos. As novas diretrizes asseguram que todas as famílias brasileiras têm o direito de solicitar vagas em creches e pré-escolas próximas às suas residências e sem requisito de seleção.
A ausência da família ampliada, isto é, de avós, tios, irmãos morando próximo e ainda o envolvimento de muitos destes adultos no mundo do trabalho têm indicado a escola de educação infantil como o parceiro privilegiado para ser o suporte dos pais e das mães na tarefa de cuidar e educar as crianças pequenas. Esse papel de partilha não se restringe ao apoio concreto durante o período de atendimento direto às crianças na creche, mas também como referência para refletir sobre as ações de cuidado e a educação das crianças pequenas.
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil definem as escolas infantis como instituições abertas às famílias e à comunidade, como um local que oferece a efetivação de um direito social que todas as famílias têm, e que possui como objetivo garantir bem-estar para todos. Nesse sentido, esse estabelecimento educacional tem como foco a criança e como opção pedagógica ofertar uma experiência de infância intensa e qualificada. Torna-se, assim, um espaço de vida coletiva onde, diferentemente do ambiente doméstico, os bebês convivam com um grupo de crianças pequenas. Nesse lugar, junto com seus amigos e amigas, sob a coordenação de adultos especializados, as crianças têm a possibilidade de experimentar, aprender e construir relações afetivas. Do ponto de vista político-pedagógico, podemos selecionar três aspectos das diretrizes curriculares que são imprescindíveis na constituição de proposta(s) para a educação dos bebês em espaços de vida coletiva.
O primeiro é a compreensão dos bebês como sujeitos da história e de direitos.
Direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. Quando as crianças são tomadas como seres capazes elas se tornam protagonistas no projeto educacional. Essa é uma mudança paradigmática na compreensão da educação dos bebês, pois se afirma o compromisso com a oferta de um serviço educacional que promova, para todas as crianças, a possibilidade de viver uma experiência de infância comprometida com a aprendizagem gerada pela ludicidade, brincadeira, imaginação e fantasia. Nesse espaço, os bebês aprendem observando, tocando, experimentando, narrando, perguntando, e construindo ações e sentidos sobre a natureza e a sociedade, recriando, deste modo, a cultura.
O segundo é a defesa de uma sociedade que reconheça, valorize e respeite a diversidade social e cultural, e que procure construir a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças oferecendo acesso a bens culturais selecionados com os critérios da interculturalidade, da democracia, bem como afirmando a ruptura com relações de dominação como: a etária, socioeconômica, de gênero, regional, lingüística e religiosa e combatendo o racismo.
E, por último, a valorização das relações interpessoais, a convivência das crianças entre elas, mas também entre os adultos e as crianças, pois são estas relações sociais que oferecem os elementos para a construção da sociabilidade e da constituição subjetiva de cada uma das crianças. Esse é um importante papel da educação infantil principalmente no que se refere às crianças bem pequenas, pois nesta faixa etária as interações entre as pessoas têm expressiva relevância para a construção das identidades pessoal e coletiva das crianças.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Síntese dos aportes legais que regulamentam a Educação Infantil

Os últimos acontecimentos referentes a educação infantil, tratam de assegurar a mesma, no plano legal,  como um dos direitos das crianças, sendo esta educação uma educação de qualidade que promova seu desenvolvimento pleno. Esse texto pretende fazer uma síntese sobre as aportes legais que defendem o atendimento educacional das crianças assegurando-o como direito das mesmas.
A Constituição de 1988, primeiro documento legal que integra a educação infantil ao sistema de ensino básico, faz referência aos direitos específicos das crianças e define como direito da criança de 0 a 6 anos de idade e dever do Estado o “atendimento em creche e pré-escola”. Leite Filho (2001) nos diz que a constituição federal de 1988 se constitui num “(...) marco decisivo na afirmação dos direitos da criança no Brasil”. Desde esse momento tanto a creche como as pré-escolas passam a ser consideradas como parte do sistema de ensino, além do que o atendimento em creches e pré-escolas representa um grande passo na superação do caráter assistencialista nos programas voltados para essa faixa etária.
O ECA (estatuto da criança e do adolescente) criado através da lei 8.069/90 vem regulamentar o artigo 227 da constituição de 1988. O ECA é responsável por um novo modo de enxergar as crianças brasileiras, pois lhes garante a inserção no mundo dos direitos humanos, reconhecendo legalmente as mesmas como sujeitos de direitos.
Em 1996 é publicada a LDB e a educação infantil foi conceituada, no art. 29 da LDB, como sendo destinada às crianças de até 6 anos de idade, com a finalidade de complementar a ação da família e da comunidade, objetivando o desenvolvimento integral da criança nos aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sócias.
A educação infantil assim ficou definida:
Creche (0 a 3anos);
Pré-escola (3 a 6anos).
Com isso a educação infantil é incorporada a educação básica e passa a ser tratada como primeira etapa da escolarização.
A lei, em seu art. 31, determinou que, na fase de educação infantil, a avaliação deverá ser feita apenas mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança e sem qualquer objetivo de promoção ou de classificação para acesso ao ensino fundamental.
Leite Filho (2001) destaca que:
Este artigo impede que educadores reprovem as crianças na pré-escola, permitindo-as ingressar no ensino fundamental, obrigatório, e iniciar sua escolaridade por volta dos 6,7 anos de idade, independente do que são capazes de provar a seus professores na pré-escola.
No ano de 1998 é lançado o Referencial Curricular Nacional, pelo MEC, para a educação infantil, que relaciona o cuidar e educar como binômio indissociável nas práticas pedagógicas da educação infantil. O RCNEI se configura como um marco na educação infantil brasileira, pois nele encontram-se as bases que asseguram a construção de uma proposta pedagógica para cada faixa etária das crianças, a fim de orientar sobre os aspectos mais importantes para um atendimento de qualidade na Educação Infantil. É ele também quem direciona um “modelo” do perfil do profissional da educação infantil.
No final do ano de 1998 o parecer 022/98 sobre as DCNEI é aprovado com caráter mandatório, o mesmo constitui-se numa espécie de doutrina sobre princípios, fundamentos e procedimentos em relação à educação básica, trazendo assim importantes contribuições para o funcionamento das instituições de educação infantil no nosso país.
Outro marco importante para a educação infantil é o “PNEI: Pelo direito das crianças de zero a seis anos a educação”. Neste documento nós encontramos as diretrizes da política nacional da educação infantil com seus objetivos, estratégias e as recomendações necessárias para a implantação das políticas em todas as instituições de educação infantil. Mais alguns aspectos que se destaca neste documento são:
Educação Infantil: primeira etapa da Educação Básica é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (art.5º).
Currículo: Currículo é o conjunto sistematizado de práticas culturais no qual se articulam as experiências e saberes das crianças, de suas famílias, dos profissionais e de suas comunidades de pertencimento e os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico.
Educar-cuidar: Como ação pedagógica de consciência, estabelecendo uma visão integrada do desenvolvimento da criança com base em concepções que respeitem a diversidade, o momento e a realidade peculiares à infância.
O estudo, bibliográfico, dos documentos legais que regem a educação infantil brasileira, nos aponta para as significativas mudanças ocorridas nos últimos tempos no cenário educacional do país. Um dos marcos, que consideramos importantes para as referidas mudanças e a “elevação de status” da criança a ser um sujeito de direitos e deveres, que tem vez, voz, um ser cidadão, que já nasce cidadão e como tal precisa de uma educação que lhe garanta o desenvolvimento pleno (cognitivo, simbólico, social e emocional) integrando as ações do educar-cuidar com instituições e profissionais qualificados.
Enfim, mesmo com todos esses avanços ainda há muito que se fazer pela nossa educação infantil, que na nossa realidade de Brasil é marcada por inúmeras desigualdades no âmbito educacional.
Referências:
ANGOTI, Maristela. Educação Infantil: para que, para que, para quem e por quê. In.:_____.(org.) Educação Infantil – Para quê, para quem e por quê?. Campinas, SP: Editora Alínea, 2006.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federal do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Imprensa Oficial. Brasília, DF, 1988.
BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Parâmetros de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Infantil e Fundamental, 2006b.
BRASIL. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
CRAIDY, Carmen, KAERCHER, Gládis E. P. S. Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
LEITE FILHO, Aristeo. Proposições para uma educação infantil cidadã. In: GARCIA, Regina leite; LEITE FILHO, Aristeo. (Org.). Em defesa da educação infantil. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.






    Minhas antigas turminhas!