" Um professor influi para a eternidade; nunca se pode dizer até onde vai sua influência."
(Henry Adams)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

As especificidades da ação pedagógica com os bebês - Parte III

 
Maria Carmem Barbosa
4. ORGANIZAR UM PERCURSO EDUCATIVO PARA OS BEBÊS
Como vimos anteriormente, uma especificidade da pedagogia realizada junto aos bebês é a da centralidade das brincadeiras e das relações sociais. Portanto esta é uma pedagogia que torna imprescindível possibilitar encontros e visibilizar os modos e as diversas formas de relacionamento que se estabelecem entre as pessoas. Educar bebês não significa apenas a constituição e a aplicação de um projeto pedagógico objetivo, mas implica em colocar-se, física e emocionalmente, à disposição das crianças e isto exige dos adultos comprometimento e responsabilidade.
A responsabilidade, a competência, a formação dos gestores, professores e demais profissionais precisa também estar vinculada à delicadeza, ternura, empatia e capacidade comunicativa. Os envolvidos na educação de bebês precisam protegê-los de qualquer forma de violência – física ou simbólica – ou de negligência no interior da instituição. Sempre que algum tipo de discriminação ou violência for praticada contra um bebê é preciso realizar os encaminhamentos das violações para as instâncias competentes.
A tarefa dessa pedagogia da pequeníssima infância é articular dois campos teóricos: o do cuidado e o da educação, procurando que cada ato pedagógico, cada palavra proferida tenha significado, tanto no contexto do cuidado – como ato de atenção aquilo que temos de humano e singular – como de educação, processo de inserção dos seres humanos, de forma crítica, no mundo já existente.
Uma pedagogia de encontros e relações
Numa sala de berçário muitas relações se estabelecem. Relações entre as crianças e entre os adultos e as crianças. Porém as relações que se estabelecem entre os diferentes adultos pais, professores e demais profissionais não pode ser descuidada.
Apesar de realizarem atividades diferenciadas, professores, gestores e os diversos profissionais da escola, todos trabalham tendo um objetivo comum: oferecer para as crianças e para as famílias uma escola de qualidade. Muitas vezes as dificuldades nas relações entre os adultos acabam afetando o trabalho pedagógico e também as próprias crianças. É indispensável que estes fatos sejam observados e que se criem na escola momentos de formação para partilha das dificuldades, a comunicação, a resolução de conflitos e a felicitação pelos êxitos.
As relações entre professores e crianças
Os adultos são responsáveis pela educação dos bebês, mas para compreendê-los é preciso estar com eles, observar, “escutar as suas vozes”, acompanhar os seus corpos.
O professor acolhe, sustenta e desafia as crianças para que elas participem de um percurso de vida compartilhado. Continuamente, o professor precisa observar e realizar intervenções, avaliar, e adequar sua proposta às necessidades, desejos e potencialidades do grupo de crianças e de cada uma delas em particular. A profissão de professora na creche não é como muitos acreditam apenas a continuidade dos fazeres “maternos”, mas uma construção de profissionalização que exige além de uma competência teórica, metodológica e relacional.
As relações entre as crianças
As crianças na creche têm a experiência de viver cotidianamente em uma coletividade com meninos e meninas de idades diversas. Os bebês desde muito cedo procuram as outras crianças com olhares, esboçando sorrisos e sons, tentando através do corpo tocar no colega. A ação pedagógica na turma de bebês deve favorecer o encontro entre eles em diferentes espaços e momentos do dia. A professora ao observar precisa estar atenta aos movimentos relacionais do grupo e favorecer o desenvolvimentos corporal, afetivo e cognitivo dos bebês.
As relações com as famílias
A escola, através dos gestores e professores, tem o compromisso de construir relações com as famílias. As relações podem ser propiciadas através de distintas formas de encontro, mais ou menos formais, como reuniões, entrevistas, festas... Isto é, algumas situações individualizadas, e outras coletivas que favoreçam a escuta e as trocas. Assim as famílias irão sentir-se valorizadas e afirmadas na sua função parental, de responsáveis pela educação de seus filhos. A pluralidade de encontros favorece a construção de laços, a confiança e a troca. Mesmo antes do ingresso dos bebês na creche, é preciso que as famílias conheçam a escola e tenham tido a oportunidade de compreender e discutir o projeto pedagógico. Uma relação de confiança dos pais ou responsáveis na escola facilita estabelecer vínculos seguros dos bebês com a escola. A interação da escola com as famílias é tão importante que vem sendo considerada como um dos critérios fundamentais na avaliação de qualidade das creches.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minhas antigas turminhas!